Sunday, January 20, 2008

25 anos sem Mané

Há exatos 25 anos, o futebol mundial perdia um dos maiores gênios da bola. Foi às seis horas da manhã de um 20 de janeiro de 1983, que o coração de Mané Garrincha parara de bater, em conseqüência de um edema pulmonar.
Mágico com a bola nos pés, Mané começou bem cedo sua trajetória no Pau Grande F.C. – time que leva o mesmo nome de sua cidade natal -. Aos 19 anos, fechou seu primeiro contrato com o Botafogo, após ter sido descoberto pelo lateral do clube, Araty, em uma das peladas em Pau Grande. As pernas tortas e desengonçadas, que tinha tudo para ser motivo de chacota, era a principal qualidade de Garrincha. Com elas, o jogador deixava qualquer “João” - apelido que ele mesmo criou para qualquer adversário – humilhado no chão, levando ao delírio qualquer amante da bola.
No primeiro treino em General Severiano, o craque mostrou ousadia, metendo até a bola entre as pernas do respeitado Nilton Santos. E aos poucos, foi conquistando seu espaço no alvinegro. Com a camisa 7, formou um ataque espetacular da história do clube, ao lado de Zagallo, Quarentinha, Paulo Valentim e Didi. Conquistou os títulos cariocas de 1957, 62 e 63 e o Torneios Rio-São Paulo de 1962 e 64 . Pela Seleção Brasileira, duas Copas do Mundo. Em 1958 foi muito importante, mas não tão quanto em 1962. Substituindo o maior de todos, Garrincha acabou com a Copa no Chile, trazendo o bi para o país (foto ao lado). Além disso, só foi derrotado uma vez com a camisa canarinho (foto destaque). Ao lado de Pelé foram 60 partidas e nenhuma derrota. Após 15 anos de Botafogo, o ponta-direita mudou de ares em 1965 após marcar 252 gols em 609 partidas. As seguidas dores no joelho fizeram o craque rodar por vários clubes, mas o brilho não era mais o mesmo. A depressão aumentava e com a mesma habilidade que deixava os adversários sentados no chão, era vencido facilmente pela bebida. Por mais que fizera pelo povo brasileiro, Garrincha já não tinha o mesmo reconhecimento. Era visto como um péssimo marido e pai. Casou por três vezes e teve treze filhos, sendo um deles na disputa da Copa do Mundo da Suécia, em 1958. Garrincha se transformara em Manoel dos Santos novamente. Viveu no anonimato até sua morte. Era inevitável.

“O garoto é um monstro. Acho bom vocês o contratarem. É melhor conosco do que contra nós.”
Nílton Santos, após o primeiro treino de Garrincha no Botafogo.


"Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas, como é também um deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho."
Carlos Drummond de Andrade, em crônica publicada para o Jornal do Brasil do dia 15 de janeiro de 1983.


"Garrincha, de que planeta vienes?"
Jornal El Mercurio, de Santiago, na Copa de 1962

Fotos: Arquivo Revista Veja / www3.solar.com.br

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1 Comments:

Blogger Vinicius Grissi said...

Realmente uma perda irreparável. Este é apenas um daqueles que eu queria ter visto de perto. Talvez o que eu mais quisesse. Mas enfim, impossível. Tenho que me contentar em vê-lo pelos vídeos antigos.

Monday, January 21, 2008 5:13:00 AM  

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