Flamengo cria discussão contra jogos na altitude

Após conseguir um empate heróico em Potosí, na Bolívia contra o Real Potosí por 2 a 2, a diretoria do Flamengo decidiu enviar um comunicado à Conmebol, CBF e FIFA. Os diretores são contra a prática de jogos acima de altitudes - no caso, era de 3.960 metros - que não são recomendadas pela medicina esportiva.

Na partida de ontem, o time local abriu 2 a 0 no marcador, mas a equipe rubro-negro chegou a igualdade com gols de Roni e Obina no segundo tempo. Faltando 20 minutos para o término do jogo, vários jogadores do Flamengo começaram a passar mal pela falta de ar. Alguns foram até a linha lateral para utilizar balões de oxigênio (foto) para auxiliar na respiração. Após bater um tiro de meta, o goleiro Bruno caiu na pequena área e teve que passar pelo mesmo procedimento dos companheiros.

Em nota enviada à imprensa, os dirigentes deixam claro que não admitem mais jogar em condições tão desumanas e anti-desportivas como as de ontem. Além disso, eles acreditam que a prática esportiva deve ser em "igualdade entre oponentes" e a compara com o anti-doping, que foi criado para que nenhum atleta seja favorecido. A decisão é ainda mais séria. O Flamengo não aceita jogar a partir de agora em locais em que a saúde de cada jogador seja afetada.

De certa forma, a decisão do clube rubro-negro é coerente, pois a integridade física de cada profissional deve ser preservada e os clubes mandantes levam vantagem por estarem acostumados ao local. Em contra-partida, os clubes de países com altitudes que chegam a mais de 4.000 metros não tem o que fazer. No caso do México, Bolívia, Colômbia, nenhuma equipe abriria mão de jogar em seu país para enfrentar de "igual pra igual" os adversários em campo neutro.

A decisão flamenguista é boa para que a FIFA possa estudar o caso. Em locais tão altos como o de Potosí, qualquer jogador pode ter graves problemas de saúde, como uma parada cardíaca ou um desfecho pior.

Foto: Cléber Mendes